"Projeto de líder", jovem volante do SP tem fascínio pela mente humana

pedroa 180118"Mentalização de objetivos". "Criação de realidade". "Deixa, rotina e recompensa". "Força do hábito".

Teorias complexas exploradas em livros de psicologia e auto-ajuda que tentam mostrar o funcionamento e o poder da mente humana. O jovem Pedro Augusto é fascinado no tema. Lê, pesquisa e busca interpretações. Tatuou um cérebro no braço esquerdo para reforçar o interesse pelo assunto. E todo esse conhecimento lhe serviu como norte para que, às 19h30 desta quarta-feira, ele pudesse estrear na equipe profissional do São Paulo.

 

Entrar em campo na primeira rodada do Campeonato Paulista será a realização de um sonho, o cumprimento da última das metas traçadas pelo volante ainda no CFA Laudo Natel, em Cotia. Para isso, o que aprendeu em dois de seus livros favoritos teve contribuição. De "A Força do Hábito", de Charles Duhigg, tirou a necessidade de sair do automático, de criar novos métodos e rotinas para que os resultados fossem alcançados. Mudou de posição, trocou as referências no futebol e, em seu último ano de base, superou as expectativas: virou titular, capitão e em 12 meses está no time profissional. 

A mentalização dos objetivos saiu de "O Criador da Realidade", de Bruno J. Gimenes e Patrícia Cândido, bem como a fuga do medo e da imagem do ser humano como uma figura frágil, dependente de Deus. A teoria reforça que os indivíduos são os únicos responsáveis pelas metas atingidas. O livro também fala sobre como tudo está interligado pelos pensamentos criados por cada pessoa, gerando reações e coincidências. Pois bem. Há duas semanas, Pedro esteve perto de deixar o São Paulo para reforçar o São Bento. Nesta quarta, estreará pelo Tricolor justamente contra o time de Sorocaba.

Líder à moda Petros

O interesse em entender a mente humana ajudou Pedro Augusto até a se firmar como líder nas categorias de base. Embasado pelas teorias aprendidas, se acostumou a pedir a palavra para discursar antes dos jogos e virou conselheiro dos colegas. Era comum vê-lo tentando animar quem andava em baixa ou ajudando os mais tímidos a se entrosarem com os demais. A maturidade também o aproximou do técnico André Jardine, que tinha no volante sua voz em campo para repassar orientações e trocar impressões sobre o time.

O perfil de Pedro como líder pode ser comparado ao de Petros. Os dois têm uma capacidade notável de adequação ao meio. Transitam da linguagem boleira, ao som de pagodes e funks, às conversas sérias, bem argumentadas. Ao mesmo tempo em que impõe autoridade em campo, com chegadas mais duras e postura firme com adversários e árbitros, é o cara boa praça, abraçado por todos e mentor inclusive de brincadeiras e pegadinhas. É só lembrar que foi Petros, recentemente, quem raspou o cabelo de todos os garotos que subiram da base entre 2017 e o início deste ano. Todos, não. Pedro Augusto, precavido, já voltou das férias careca para poupar o trabalho do camisa 6.

Estilo de jogo

Em 2017, ano em que finalmente conseguiu estourar na base, Pedro Augusto mostrou características apontadas hoje como essenciais para os meio-campistas que atuam mais recuados, à frente da zaga. Por mais que a função ainda exija uma entrega maior dos atletas na marcação, é preciso que esse primeiro volante tenha um poder de organizar o jogo com qualidade, para evitar que as peças mais ofensivas gastem tempo e fôlego buscando a bola no setor defensivo.

Pedro é quem combate, luta, desarma e motiva os colegas pelo empenho. Mas é também quem inicia a criação, quem clareia as jogadas com boas viradas de jogo ou socorre os meias quando os rivais apertam a marcação. A rapidez de raciocínio tem sido muito elogiada nesses primeiros 14 dias de treino como profissional - bem como nos casos do também volante Paulo Henrique e do atacante Bissoli. A aposta na simplicidade para jogar deixa o técnico Dorival Júnior bastante satisfeito e confiante em ter o jovem como reserva para Jucilei.

Gratidão ao São Paulo

Como contou em entrevista à SPFCtv, canal do Tricolor no YouTube, Pedro costuma colocar metas de curto, médio e longo prazo a cada temporada. Em suas últimas anotações, todas foram cumpridas. Conseguiu jogar mais, foi campeão, integrou a seleção paulista em torneio com os melhores de cada estado e ganhou a sonhada chance no profissional. Jogar na Europa? Dificilmente você o verá pulando etapas. O sonho maior do mineiro de Ubá é conseguir retribuir com títulos tudo o que recebeu do São Paulo.

Na mesma entrevista citada acima, Pedro fala que olha para o CT da Barra Funda e vê tudo brilhar. Quando velhos conhecidos de Cotia enviam mensagens para desejar parabéns e boa sorte pelas conquistas da carreira, faz questão de respondê-los com carinho, de valorizar cada um que o ajudou desde fevereiro de 2011, quando passou a integrar a base tricolor. E a relação de carinho tornou fácil até mesmo a renovação de contrato, o novo vínculo foi estendido até dezembro de 2019. Pedro Augusto não esconde: ama o São Paulo.