Entrada do meia na vitória sobre o São Paulo mostrou uma alternativa bem interessante a Felipão
Além da abrupta mexida no estilo de jogo da equipe, a troca de Eduardo Coudet para Luiz Felipe Scolari acabou por afastar dentro de campo os dois melhores jogadores do elenco atleticano. Se Paulinho e Hulk resolveram através do talento diversos jogos para o time mineiro na temporada, ambos tiveram uma queda considerável com Felipão no comando. A forma como o treinador utilizou Patrick, no 2º tempo contra o São Paulo, pode ter indicado o melhor caminho para retomar o cenário anterior.
Antes de mais nada é preciso entender o esquema tático preferido de cada treinador. Além do modelo ofensivo ser diferente, - Felipão mais adepto do jogo direto e dos contragolpes, e Coudet buscando mais aproximação entre as peças no campo de ataque e marcação pressão na saída de bola adversária - o Atlético Mineiro atuava quase sempre no 4-1-3-2 com o argentino. Já o brasileiro varia entre o 4-3-3 e o 4-2-3-1.
É importante frisar isso para entender as funções de Paulinho em cada uma das realidades. Com Coudet era um atacante central ao lado de Hulk. Tinha liberdade de circulação pelo ataque e o jogo intuitivo de ambos levava muita dificuldade ao encaixe de marcação aos adversários. Com Scolari, Paulinho sempre foi utilizado como ponta até o 2º tempo do jogo de domingo. Se mantinha quase sempre aberto pela esquerda e descia marcando o lateral rival.
Esta segunda maneira de utilizar Paulinho não é a ideal dentro do contexto do Galo. Se no Bayer Leverkusen e na seleção olímpica atuou bastante assim, no time brasileiro é uma das referências técnicas. Precisa de menos obrigações defensivas e mais liberdade para oferecer aquilo que pode.
Felipão vinha usando Zaracho como meia-central e Hulk como centroavante, com Paulinho e Pavón pelos flancos. Com a lesão do argentino e a dificuldade de Igor Gomes e Hyoran se mostrarem totalmente confiáveis na função, o técnico lançou mão de Patrick na 2ª etapa. Deixou o meia aberto na esquerda, função em que ele rende melhor, e centralizou Paulinho.
Mesmo não atuando em dupla com Hulk, mas sim um pouco mais atrás, como um meia-central, o camisa 10 do Galo esteve mais próximo do atacante. E essa combinação é explosiva. Sempre que se procuraram em campo, o Atlético conseguiu alcançar os seus objetivos.
Hulk deu cinco assistências na temporada, quatro delas para gols de Paulinho. A cada quatro gols que o ex-atacante do Vasco faz em média, um tem o camisa 7 como garçom. O mesmo acontece no sentido contrário. Paulinho deu seis assistências em 2023, cinco delas para Hulk, que tem 22 tentos no ano. É um encaixe perfeito.
Em desvantagem contra o Palmeiras pela Libertadores, o time mineiro precisa vencer por no mínimo um gol de diferença para levar a decisão para os pênaltis no Allianz Parque. Reaproximar Paulinho e Hulk é a melhor forma de aumentar o potencial criativo da equipe. Mesmo que a bola não chegue redonda para eles constantemente, podem desequilibrar pela simples sintonia.
Fonte: GloboEsporte