Mais experiente e referência mental, Mariano sonha com acesso à Série A pelo América

mariano040425Um vencedor por todos os lugares que passou, com dez títulos em sua carreira e mais de 800 jogos como profissional. Esse é Mariano, lateral direito que, aos 38 anos, é peça chave do América na preparação para a Série B de 2025. Em sua 21ª temporada como jogador profissional, o defensor falou com exclusividade com a equipe de oGol sobre as glórias de sua carreira e o futuro nos gramados.

No longínquo ano de 2002, o pernambucano Mariano começou a trilhar seu caminho no futebol. Foi no Brinco de Ouro da Princesa com a camisa verde do Guarani que o lateral direito começou a brilhar. Depois foram três anos de futebol mineiro até reforçar o Fluminense em 2009, quando fez parte do "Time de Guerreiros", começou uma grande amizade com o treinador Cuca e conquistou o Campeonato Brasileiro pela primeira vez.

"A gente com 98% de chance para cair, brigando para permanecer no Brasileiro com o Cuca, que chega e muda todo o ambiente no Fluminense naquele ano e é o cara que me dá oportunidade. Foi através do Cuca que eu comecei a ter as oportunidades no Fluminense. Depois a gente conquista o título brasileiro em 2010, foi algo maravilhoso. O clube fazia, se eu não me engano, 30 anos que não ganhava o Brasileiro. Foi algo especial na minha vida", pontuou o lateral.

Os primeiros passos na Europa

Ao fim do Brasileirão, quando Mariano se consagrou como o melhor lateral direito do campeonato e finaliza com a taça, vem a transferência "inesperada" para o Bordeaux. Por mais que o desejo fosse permanecer nas Laranjeiras, o futebol europeu o chamava, para começar a realizar os seus principais objetivos na carreira e despontar como destaque brasileiro na posição.

"Aprendi mais na marcação. Eu era um jogador muito ofensivo, então eu comecei a marcar mais, que é o que eles priorizam muito na Europa, a questão da linha de quatro, os dois laterais dificilmente sobem juntos. Então isso eu fui aprendendo também no Bordeaux, que me fez crescer quando eu vou para o Sevilla e para o Galatasaray", completou.

E, tirando a transição do calor carioca ao frio francês, o começo do jogador na França não poderia ser melhor. Mariano chegou ao país na época que o PSG começava a despontar como a nova potência futebolística, com nomes como Thiago Silva e Ibrahimovic, por exemplo. Apesar do que viria a ser uma dominância parisiense, o lateral brasileiro teve a alegria de conquistar uma taça no país, a Copa da França de 12/13.

"Era um time, vamos dizer, de patamar médio. Se a gente chegar longe beleza, se não chegar também tranquilo, não tem problema. Chegamos numa final (de Copa) contra o Evian e a gente vai jogar em Paris no Stade de France. Eu joguei uma final de campeonato ali, são coisas que a gente guarda. E eu pude ser campeão ali", disse.

Depois de quatro temporadas com a camisa do Bordeaux, Mariano resolve que era hora de mudar de clube, para alçar voos maiores. O heptacampeão da Liga Europa Sevilla aparece como destino. E, num clube de tanta tradição na competição europeia, o brasileiro não poderia ficar sem uma taça.

"Era uma guerra, os caras tinham três (taças), não é possível que na minha vez não vai acontecer. Na final teve aquele aperto no coração, porque a gente sai perdendo. A gente pega o Liverpool de Coutinho, Firminho, Klopp. Foi especial demais. Eu faço uma jogada impressionante no gol de empate e a gente ganha de virada. Hoje eles têm sete Liga Europa e eu tô lá (na história)", analisou o jogador.

E o deslumbre de atuar no futebol espanhol não para por aí. Mariano esteve no Sevilla em uma das "épocas de ouro" de La Liga. Naquela temporada, os grandes destaques do torneio eram o Barcelona do trio MSN, o Real Madrid de Cristiano Ronaldo, que seria tricampeão da Champions mais tarde, e o Atlético de Madrid, que foi vice em duas "Orelhudas" nesse período. E o Sevilla de Mariano venceu os três nas duas temporadas que o brasileiro esteve por lá...

"Eu era aquele moleque que sonhava em jogar futebol na favela e via os caras no videogame. De repente eu estava jogando contra eles. Para mim era um privilégio. Ter jogado uma Champions e ter falado que eu vi esses caras de perto, corri atrás deles, bati um pouquinho também. Valeu a pena demais. É algo que ficou... que vai ficar na minha memória para sempre", continuou dizendo.

Foram 80 jogos do brasileiro em dois anos de Sevilla, até que, aos 31 anos, chega uma proposta do Galatasaray. O medo de ir à "desconhecida" Turquia pouco assustou o brasileiro, perto do que foi voltar a sentir o gosto de jogar com "pressão e atmosfera". Para o lateral, a vitória por 3 a 1 no clássico contra o Fenerbahçe, na temporada 19/20, reflete muito do clima que é jogar no futebol turco.

"A gente fica um bom período sem perder em casa com a torcida absurda. Fazia algum tempo que o Galatasaray não ganhava na casa deles. A gente vai comemorar no gol do Falcão e os caras jogam um copo d'água, pega na minha nuca. Rapaz do céu. Os caras começam a jogar tudo, tudo que tiver os caras jogam. A atmosfera é bem doida mesmo. Eu sou fã de jogar esses jogos", disse Mariano.

O retorno para casa

Em 2020, já aos 34 anos, o jogador decide que era hora de voltar ao futebol brasileiro, para vestir novamente a camisa do Atlético Mineiro. E olha como são as coisas: quem pediu sua contratação foi Sampaoli, antigo comandante na época de Sevilla. E quem substitui o argentino, após mau desempenho no ano de 2020, é Cuca, antigo amigo e treinador decisivo no começo da carreira.

No Galo, Mariano viveu o incrível ano de 2021, já sob o comando de Cuca. Naquela temporada, o clube mineiro foi campeão do Campeonato Mineiro, da Copa do Brasil e do Brasileirão. O que faltou foi a Libertadores, onde o Atlético caiu nas semifinais para o Palmeiras, que, posteriormente, seria campeão do torneio.

"A gente ia para os jogos muito tranquilo. É a fase, o futebol tem muito isso, quando tudo dá certo, você vai muito leve para o jogo, sabendo que as coisas iriam acontecer. A gente saía perdendo de 1 a 0 e virava. O jogo contra o Bahia, que é o jogo que nos dá o título (do Brasileirão), a gente sai perdendo de 2 a 0 e vira o jogo em dez minutos. Nos deu muita força para a Copa do Brasil também. Na história não tem uma final com quatro gols, aí a gente faz 4x0 no Athletico no primeiro jogo. Esse ano foi especial demais, foi um ano diferente mesmo", completou o jogador.

Foram quatro anos com a camisa alvinegra em seu retorno ao Brasil, sendo 165 jogos nessa segunda passagem. Em 2024, quando o Atlético foi vice-campeão da Copa do Brasil e da Libertadores, surge a necessidade interna de uma renovação no elenco. Em fim de contrato, Mariano foi um dos que deixou a equipe. E, depois de especulações de um possível retorno ao Guarani, surge a oportunidade de seguir em Minas para defender outra equipe, o América.

Foco total na Série B

O Coelho surge, para Mariano, "no fim do túnel". Todos os detalhes foram acertados em menos de duas horas para que o lateral passasse a vestir verde e branco em 2025. E, depois de ficar com o vice-campeonato do Campeonato Mineiro, frente ao seu antigo clube Atlético, o foco vira a Série B, para recolocar o América na elite. E foi no clube mineiro que Mariano teve a oportunidade de reencontrar Willian Bigode, antigo companheiro das categorias de base do Guarani.

"É uma alegria imensa fazer parte do elenco do América, e que a gente possa conseguir o nosso objetivo, que é o acesso. Desde ser treinado por um treinador mais jovem do que eu, que é o William, e de reencontrar outro Willian, o Bigode. O América está dando a oportunidade para um cara espetacular, um cara que gosta de vencer, um cara que batalha bastante. Tomara Deus que a gente possa também deixar grandes coisas aqui, além do acesso para Série A", completou o lateral.

Agora aos 38 anos, Mariano ainda não sente que sua história como jogador chegou ao fim. O foco está completamente na disputa da Série B pelo América, mas o futuro logo entrará em pauta. Fazendo alguns cursos da CBF para um dia se tornar treinador, o ainda jogador está indo "de tempo em tempo".

"Eu tenho até o final da Série B. Eu penso em jogar esse ano e mais um, eu não sei. Estou fazendo um curso, terminando um curso de treinador da CBF, não sei se vou ser treinador, mas estou vivendo ano a ano. Tenho até novembro, final da série B, (sonhar) com acesso. Se Deus quiser, a gente vai estar atuando aí nos gramados", finalizou Mariano.

Fonte: ogol

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