Igor Silva, de 28 anos, veste as cores do Lorient desde 2021
Foto: Divulgação/Olympiacos
Igor Silva, de 28 anos, nunca jogou profissionalmente nas primeiras divisões do futebol brasileiro. Hoje no Lorient, da França, o lateral-direito deixou o País ao atingir a maioridade para arriscar tudo em uma “chance de ouro” no Asteras Tripolis, da Grécia.
Atravessar o mundo não era apenas uma questão de carreira dentro de campo para o atleta nascido no Rio de Janeiro. Sem completar os estudos, ele tinha uma filha de 9 meses e via no esporte a única oportunidade de sustentar a casa.
“Foi a chance de ouro na minha mão. Quando apareceu a oportunidade de ir para a Grécia, eu já estava com a filha pequena. Eu estava bem desesperado. Falei que tentaria a minha última chance, já estava com 18 anos. Fui sozinho, sem medo, não falava inglês, meti a cara”, conta o camisa 2 do Lorient, em conversa com o Terra.
A oportunidade foi agarrada com unhas e dentes por Igor, que poucos meses depois já havia conseguido levar a esposa e a filha para morar no país. Além da realização pessoal, o brasileiro também evoluiu profissionalmente e, após cerca de três anos, já estava vestindo a camisa do Olympiacos, considerado para muitos o maior time da Grécia.
Enquanto subia os degraus da carreira, o jogador carioca também adaptava suas características dentro de campo. Quando desembarcou na Grécia, inclusive, ele era atacante, o que mudou após uma lesão de um companheiro em treinamento.
“Depois de uns seis meses, o lateral se machucou e o treinador me falou que precisava de um lateral pra fazer um coletivo; perguntou se eu podia jogar improvisado. Eu nunca tinha feito, mas falei que faria e arrebentei nesse treino”, recorda sobre a mudança de posição.
Essa versatilidade continuou durante passagens pelo Larnaca, no Chipre, e Osijek, na Croácia, onde atuou como ala, 'atacando e defendendo'. A mudança definitiva, contudo, veio com a ida para o Lorient, em 2021.
“Mas acabou que, na França, fiquei mais defensivo. Agora, já atuo como um terceiro zagueiro. Eu posso atuar como lateral-direito, terceiro zagueiro e ala”, diz sobre a polivalência.
Pelo Lorient, Igor também coleciona aventuras dentro de campo. Logo em seu primeiro ano no país, viveu uma disputa contra os companheiros de equipe para conseguir a camisa de um ídolo: Neymar.
“No meu primeiro ano aqui, eu troquei a camisa com o Neymar. Tenho até hoje a camisa dele guardada. Logo que cheguei, estava muito empolgado pro jogo contra o PSG. Os jogadores já estavam dizendo que iam pegar a camisa do Neymar e do Messi. Eu disse que não, eu era o único brasileiro e eu que ia pegar. Perguntei se estavam doidos. Eu não ia dar esse mole", conta.
Na partida em questão, Igor começou no banco de reservas e entrou em campo no segundo tempo. Assim que se aproximou do ídolo, fez o pedido e ouviu uma resposta animadora: "Ele olhou e disse que beleza, mas quando acabou o jogo eu estava meio distante e vi uns moleques saindo do banco e indo correndo pedir a camisa.”
De longe, em meio ao medo de ficar sem a lembrança do duelo contra o craque, Igor viu o próprio Neymar negar o presente a outros atletas e correr em sua direção. A alegria era tamanha que o lateral foi quem esqueceu de retribuir o carinho ao camisa 10.
“Ele me deu a camisa e eu já estava indo embora. Ele mandou que eu voltasse e pediu a camisa também. Perguntou como eu estava, puxando assunto. Um cara humilde e gente boa pra caramba”, conta sobre a conversa com Neymar.
Por falar no ídolo, Igor por pouco não deixou o Lorient rumo ao Santos durante a disputa da Série B de 2024. Segundo o jogador, a negociação só não se concretizou devido aos moldes desejados pelo time da Vila Belmiro.
“Acho que o Santos, quando estava na segunda divisão, foi o mais próximo de voltar [ao futebol brasileiro]. Era por empréstimo, mas o clube queria uma venda”, explica o camisa 2, que, ainda sonha em atuar em seu País: “Eu tenho vontade de jogar no Brasil. Não tem como falar que não. Eu acompanho o campeonato, é um nível top.”
Mesmo com a vontade de um dia voltar ao Brasil, Igor continua feliz no ambiente que vê como uma "família". Com a camisa do Lorient, ele conquistou o título da 2ª Divisão da França no ano passado e, agora, espera fazer sua melhor temporada pela equipe francesa.
“Eu estou muito bem, desde o ano passado. Teve uma troca de treinador e ele me passou muita confiança. Agora, fisicamente, estou muito bem e acho que eu vou poder fazer a minha melhor temporada aqui”, completa.
Fonte: Terra