Arqueiro move ação contra Paulo Carneiro por racismo

No dia 12 de setembro de 2005 o goleiro Felipe, na época do Vitória, entrou com uma queixa por racismo contra o então presidente do Rubro-Negro Baiano, Paulo Carneiro, acusando-o de lhe xingar de "negro safado" e "preto vagabundo". Devido ao incidente, Carneiro foi afastado da diretoria.

Dois anos depois o processo por injúria qualificada continua em andamento e o arqueiro corintiano, atualmente uma das sensações do Brasileirão, garante que não pretende arquivar o caso. A pena pelo crime é de um a três anos de prisão. Em entrevista ao LANCE!, ele falou sobre o caso

LANCE!: Você tem um processo contra o ex-presidente do Vitória, Pedro Carneiro, em que o acusa de racismo. Q que ele te disse?
FELIPE: Ele me chamou de negro safado, preto vagabundo e marginal. Tenho testemunhas, porque disse isso na frente de umas 20 pessoas, tinha até televisão perto. Ele me humilhou.
 
L!: Ele te procurou após o incidente para se desculpar?
F: Não, ele nunca me procurou. Só quero deixar claro que o problema não é com o clube, ao qual eu tenho muito carinho, mas ao seu ex-presidente, que não respeita ninguém. Já vi ele fazendo isso com outros jogadores, mas não vou citar os nomes.

L!: Se ele te procurar você pensa em arquivar o caso?
F: Não, de jeito nenhum. Se a Justiça arquivar, aí é com ela, mas eu vou até o fim com esse processo. Quem é racista tem que ser punido, porque está errado. Ainda mais em Salvador, onde a grande maioria da população é negra, é absurdo ter preconceito.

L: Que medidas devem ser tomadas pelo jogador que sofre o preconceito e pelas federações em relação às atitudes racistas?
F: Tem que denunciar e o cara ser punido. As autoridades também têm que tomar medidas. Não adianta só falar que vai mudar e continuar tudo a mesma coisa. E não é só no futebol que existe racismo. Está em todos os lugares, até em universidades. Se tem até no futebol, onde a diversidade é maior, imagina na sociedade.

L!: Já havia vivenciado outra situação de racismo antes?
F: No futebol não. Só em lance normal de jogo, alguém fala alguma coisa, mas aí fica lá. Nesse caso foi mais sério, por isso resolvi me manifestar. Não pdoeria ter deixado queito

L!: Acredita que os jogadores negros sejam conscientes?
F: Acho que a maioria não é. Os jogadores esperam acontecer com eles para se manifestar, falar que está errado, perceber que existe o problema. Os altetas poderiam fazer mais movimentos, denunciar mais, porque as reações acabam sendo atitudes isoladas de quem sofreu o preconceito.

Fonte: LanceNet