Foto: CAROLINE MOTTA/GRÊMIO FBPA
Durante a janela de transferências do futebol brasileiro, que se encerra no final deste mês de fevereiro, um caso específico chamou atenção. O lateral-esquerdo Lucas Esteves, do Vitória, precisou entrar com uma liminar para ficar livre e poder assinar contrato com o Grêmio.
Em teoria, o pagamento da multa rescisória (US$ 1 milhão) por parte do Grêmio resolveria toda a situação. Mas o Vitória fez jogo duro, usando uma cláusula no contrato de Esteves que permite, nestes casos, uma renovação automática com o pagamento de US$ 100 mil (R$ 600 mil) ao jogador.
O Grêmio, que foi acusado pelos baianos de aliciamento, afirmou que o documento do Vitória não era válido. O jogador tinha vínculo com o time de Salvador até o final de 2025. O Leão da Barra chegou a devolver ao Grêmio o valor depositado, não mostrando boa vontade para liberar o jogador.
@m_robalinho
Caso Lucas Esteves:
a) o Atleta era vinculado ao @Palmeiras até 31.12.2024;
b) o @ECVitoria não adquiriu o jogador do Palmeiras, recebeu o atleta gratuitamente partilhando direitos econômicos, porém o Palmeiras exigiu que no mínimo o vínculo fosse de 2 temporadas. O Vitória concordou, porém recusou-se a pagar luvas ao jogador pela renovação;
c) diante disso, para o equilíbrio contratual de todos, foi negociado pela @Think_Ball
uma cláusula de saída do atleta em 2 cenários, o Vitória disputando a série A ou disputando a série B;
d) na hipótese de disputa da série B a cláusula de saída seria menor, porém foi concedido ao Vitória, novamente em prol do equilíbrio negocial, uma opção de pagar um determinado valor para manter a cláusula no patamar da série A.
Lucas Esteves contou com a colaboração do seu agente, Marcelo Robalinho, especialista em Direito Desportivo, para encaminhar sua transferência e fechar com o Imortal até o final de 2027. O jogador entrou com uma liminar na Justiça do Trabalho e foi a partir dela que ele ficou livre para, enfim, assinar com o Tricolor Gaúcho. A situação foi necessária depois que uma audiência na Câmara Nacional de Resolução de Disputas (CNRD) terminou sem definição depois que a entidade se declarou incapaz de analisar o caso.
"Estou no mercado há 25 anos, mas estamos sempre aprendendo. Este caso do Lucas Esteves foi incomum, algo inédito na minha carreira. O Grêmio se dispôs a pagar um valor superior à multa, mas o Vitória queria receber o valor estabelecido em contrato. O Grêmio depositou o montante, o Vitória devolveu o dinheiro e iniciou-se uma briga insana, resolvida somente com a liminar. São coisas que acontecem e que precisamos encontrar soluções", detalha o agente.
Experiência inédita
Apesar da longa experiência, Robalinho segue se deparando com situações que saem do seu controle, mesmo que o contrato seja uma importante garantia para todas as partes envolvidas. "Um aprendizado que fica é não acreditar que os clubes vão agir com bom senso. Diretores e presidentes, muitas vezes, preferem jogar pra torcida.
"A lição que temos é da importância de ter uma boa assessoria. O caso só se desenrolou com a liminar, foi aí que tudo destravou. O contrato foi bem feito, estipulava uma multa no valor de mercado acessível e o Vitória preferiu não cumprir com a cláusula. Por isso, foi necessária a liminar", explica.
Lucas foi titular do Vitória no ano passado e defendeu o clube em 54 partidas, sendo 41 como titular, fazendo dois gols e dando cinco assistências. O jogador foi revelado pelo Palmeiras e também defendeu Fortaleza, Atlético-GO e Colorado Rapids-EUA.
Fonte: flashscore.com.br